quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Coração de Pedra - Parte II


A Deusa lhe entregou um mapa e sem pensar duas vezes o guerreiro partiu em sua jornada em busca do coração de sua amada, ao mesmo tempo a general invadia todas as terras bárbaras do norte. Seus primeiros dias na jornada foram calmos refrescantes mais a medida que ele adentrava na floresta de Mildar, as arvores cobriam a entrada do sol, e por mais de um mês ele caminhou pela floresta com sussurros e olhos famintos lhe cercando as noites pareciam mais longas e a solidão era uma inimiga certa. Um leve sorriso se deu quando as árvores começaram a ficar mais expassadas, isso era sinal de que as floresta chegava a seu fim mais ao deixar a proteção da mata sua vista esbarrou na imensidão das terras ermas a melancolia escurecia seu coração a única coisa que fazia ele continuar a vencer obstáculos era o amor que sentia. Meses se passaram e ele venceu os perigos das terras ermas, passou fome no deserto da perdição, enfrentou mortos e fantamas dos pântanos dos caídos, mais ao olha as montanhas sanguinárias ele sabia que só faltava enfrentrar a floresta das Brumas.

Ao mesmo tempo em que a Rainha Púrpura chegava a cidade uma sombra vinha da direção oposta, ela encobria pastos e gerava não so pânico como morte, o grande Dragão vermelho pousou na torre mais alta e informou a sua senhora que finalmente um guerreiro que carregava no peito o símbolo de um cavalo branco com o fundo de um azul escuro como a noite estava indo em direção as montanhas e que procurava seu tesouro. Sem pensar duas vezes a orgulhosa guerreira montou no Dragão e partiu.

Os primeiros passos do guerreiro na floresta foram alegres mais a medida que cada passo era dado o peso do ar prensava seus passos, esta floresta exalava o medo em cada ponto que se olhava, não existia som e o silêncio era soberano. Um uivo frio e agudo cortou o silêncio, seu coração batia mais forte a cada momento, seus passos aceleraram pois o ar se tornava escasso e o perigo era evidente, novamente o uivo rompeu o silêncio e desta vez houve muitos uivos de resposta, e rapidamente sentiu muitos olhos vermelhos como o sangue lhe cercando montou em seu cavalo e saiu em disparada logo viu que vários lobos atrás com sede de sangue puxou o arco que carregava e disparou algumas flechas mais elas não tiveram efeito apenas uma acertou um lobo e nem ao menos o parou, pois o mesmo continuava em sua perseguição.

O maior dos lobos pulou sobre ele empurrando o guerreiro no chão e rasgando o cavalo e quase como por impuldo sua lamina estava preparada para a batalha, suas veias pulsavam, seus sentidos se aguçaram e o unico som que ouvia era o da carne de seu companheiro de viagem sendo rasgada. Seu instinto lhe fez correr pois a matilha era grande e a carne muito pouca, logo duzias de olhos vermelhos estavam apontando em uma direção.

Suas pernas lhe levaram ao que parecia uma vila

Suas pernas lhe levaram ao que parecia ter sido uma trilha no meio desta floresta esquecida, assim por alguns minutos correu por aquela trilha até que finalmente viu uma luz pálida ao longe e a medida que se aproximava dos portões viu somente morte e chamas e os lobos já haviam retomado seu rastro e seu uivo sedento de sangue já era ouvido, mais que depressa EUA mão empunhou a espada e pegou uma tocha acesa no chão e os segundos que antecederam a grande luta se constituíram em agonia, mais ele lutou... talvez não tenha sido só por amor, é provável que o seu instinto mais primitivo o da sobrevivência o fez trepassar todos os animais que se aproximavam e aqueles que conseguiam escapar de sua lamina eram queimados pelo fogo da tocha, foi uma noite rubra na qual não se teve medalhas, somente cicatrizes e com a chegada da alvorada sua espada caiu exausta fincada no chão. Se deram dois segundos de alivio quando viu uma sombra por detrás da copa de uma árvore e duas mãos já agarravam o punho da espada quando ouviu novamente a voz suave da deusa por trás dizendo “guarde sua espada grande guerreiro”, e assim saíram os sobreviventes do vilarejo.


Eles lhe agradeceram por lutar contra os lobos e oravam aos deuses por ter enviado o herói para salvar o vilarejo. Mas em seu coração o guerreiro sabia que não havia nada de heróico, foi apenas instinto de sobrevivência e que o motivo de ele esta ali era muito egoísta, mas neste momento preferiu não pensar em mais nada....

Continua...


domingo, 3 de agosto de 2008

Coração de pedra

Há muito tempo, quando o mundo ainda era novo e os contos de fadas faziam parte da realidade, os deuses andavam em meio aos homens, reinos nasciam e desapareciam pela força da espada. Somente um reino se mantinha prospero, Namalkar a terra das planícies, muitos se perguntam como aquelas terras se mantiveram intocáveis por tanto tempo, a cidade não possuía apenas muralhas e torres, possuía um exercito extremamente habilidoso, não possuía apenas armas, possuía os melhores ferreiros e minas de todo o mundo conhecido e finalmente não possuía somente um rei ou conselho possuía sim grandes generais, e a grande família Asloy eram os guerreiros que por séculos defenderam o reino, por nove gerações seus primogênitos eram os grandes generais e defensores da terra das planícies.

Os deuses sempre lançam os dados e da nona geração nasce ANABELLE, o que se dizia entre os reinos que uma mulher que carregava o sangue nobre de conquistadores mais trazia consigo a sina de não poder levar adiante o nome nem a gloria da família. A criança cresceu ouvindo estas palavras pelos cantos e eis que novamente os dados são rolados e em um dia cinza enquanto a linda princesa chorava próximo ao rio, um antigo deus da trapaça corria o mundo como um velho viajante e parou pra ouvir o lamento tão singelo. Ofereceu-lhe uma proposta dizendo que poderia fazer dela uma grande guerreira invencível que nunca iria servir a ninguém a não ser a ela mesma, para isso ela iria perder seu coração e todos seus sentimentos, “uma vida sem amor, raiva ou dor” era o que ele dizia, não sei se pela impulsividade natural da idade ou por opção ela aceitou a troca e assim foi feito ele retirou-lhe o coração.

O velho lhe entregou o coração lhe dizendo quem possuir seu coração será o seu senhor e tu lhe serviras até a morte depois, ao olhar para o coração que aos poucos parava de pulsar para se tornar uma pedra, ouviu as ultimas palavras que o antigo deus lhe diria “guarde num local mais difícil onde nenhum homem nunca ira alcançar”.

E assim ela o fez, ela encontrou a caverna mais profunda onde existia um Dragão que ela derrotou e em vez de matar fez um pacto com ele dizendo que ele deveria proteger a entrada do cofre onde ela deixara seu bem tão valioso e assim foi feito. Ao voltar para sua terra natal viu uma Orda tentando invadir Namalkar a cidade resistiu ao primeiro dia mais o preço pago foi alto, a vida de seu General, mais Belle não perdeu somente seu general, perdeu seu pai!!! A dor que a nação sentiu foi mínima se comparada a que DEVERIA ter sentido, mais seu coração estava a milhas de distância e se não bastasse era uma pedra agora.

Não houve dor para Belle, o único sentimento que sentia era orgulho e vingança, mais seu orgulho fora ferido pela morte de seu pai, então so lhe restava a vingança. A espada que por gerações passava de filho para filho estava nas mãos de sua ultima descendente viva, e ela ao empunhar esta espada dava a Namalkar uma ultima chance de vitoria e lhes dava um general, muitos se negavam a obedecer ordens de uma mulher mais escolhas não haviam mais a cidade estava em cerco e o ultimo portão estava por cair, é engraçado com que as batidas bruscas do aríete* imitavam as batidas do coração de todos naquele lugar, de todos menos de Belle que já não tinha mais coração.

Segundos antes do portão se despedaçar a grande guerreira ecoou sua voz na multidão dizendo “que os deuses lancem bons dados para mim” e partiu em direção ao portão sem esperar que a seguissem e sem olhar para trás, um novo grito de guerra surgiu atrás dela era uma voz conhecida, a voz que tanto odiou por roubar as atenções de seu pai, Ciric este era o capitão que seu pai estava treinando para assumir seu lugar quando ele se fosse.

E os dois lutaram lado a lado, corpos espalhados pelo chão muitos feridos ou outros mortos mais de todas as figuras que permaneciam de pé duas eram magnânimas a de sua General e seu Capitão os dois juntos desde o inicio da batalha. A cidade novamente tinha um general a altura. A grande guerreira deixa o jovem capitão com um novo sentimento que ele ainda não tinha provado... o amor!!! Este sentimento quando é absorvido pela primeira vez pode ter diferentes formas, infelizmente para o guerreiro este sentimento veio amargo, pois para Belle não existia lugar para o amor somente para gloria e orgulho.

O mundo mudou, o antigo preconceito sobre as mulheres era aos poucos deixados de lado o brasão da cidade que antes carregava um cavalo branco com o fundo azul passara a ter um dragão vermelho, e seus guerreiros passaram a ser conhecidos como os Dragões Púrpuras, a antiga cidade que apenas se defendia das hordas expandiu agregando diversas culturas e transmutando o cotidiano, a linda general não se contentava apenas em ter o respeito de todos os reinos ela os dominava.

Marcus esteve a seu lado em todas as conquistas, e já não agüentando levar somente consigo o sentimento que lhe rasgava por dentro revelou seu amor para sua amada, que não só o rejeitou como o expulsou de seu exercito humilhando em praça publica. O cavaleiro amaldiçoou os Deuses e eis que a um dia, passando perto de um templo de Afrodite uma linda jovem de cabelos vermelhos como o fogo, olhos verdes como esmeraldas e pele branca como o mármore veio em sua direção perguntando o por que de tanta tristeza? Não houve resposta e mais uma vez a jovem lhe perguntou se aproximando, a beleza dela eras tamanha que ele não acreditava que pudesse existir algo tão belo como ela, contudo novamente não houve resposta.

O vácuo os separava por quase 3 metros, até que finalmente ela rompeu o silêncio dizendo “Sei o que você quer e sei como conseguir, mais tudo tem um preço”, estas palavras entraram em seus ouvidos mais o órgão que respondeu a elas foi o coração. Para ele não importava o que ela pedisse em troca ele queria somente o amor da linda guerreira. Suas palavras saíram rápido “O que você deseja então linda donzela?”, a resposta foi simples “seu corpo e sua alma irão me servir para sempre caso você não queira o amor que ela pode lhe dar ou no caso de sua morte, trate isso mais como uma aposta de que uma troca de favores”, assim ele aceitou a ajuda.

Ela explicou toda a estória da guerreira, sem omitir nenhum fato dizendo exatamente onde encontrava o coração dela e avisou que o caminho não ia ser fácil e que quando ele estivesse chegando ao local ela saberia através do Dragão, a moça se despediu lhe dando um longo beijo que lhe fez adormeceu e antes dele entrar no mundo dos sonhos ele jurou que a donzela havia murmurado “Boa sorte lindo cavaleiro de Namalkar torço para que você consiga o que deseja” e ele dormiu um sono de rei.

Continua